Rodízio de veículos: como funciona em SP, MG, RJ e em outros estados?
Entenda as regras, horários e áreas de restrição nas principais capitais brasileiras.
O rodízio de veículos é uma medida adotada em diversas cidades brasileiras para reduzir congestionamentos e melhorar a qualidade do ar. A ideia é simples: limitar a circulação de automóveis em determinados horários e regiões, com base no final da placa.

Essa política surgiu como resposta ao crescimento acelerado da frota e aos impactos ambientais e sociais do trânsito intenso. Em São Paulo, por exemplo, o rodízio foi implementado em 1997 e continua uma das principais estratégias para controlar o tráfego nos horários de pico.
Embora SP seja o caso mais conhecido, outras capitais também aplicam regras próprias, com diferenças nos dias, horários e áreas de abrangência. Compreender essas variações é essencial para motoristas que circulam entre estados e para avaliar a eficácia dessa política no contexto brasileiro.
Quais são as regras de rodízio nos estados?
Pois é, o rodízio de veículos não é uniforme no Brasil: cada cidade adapta a medida conforme sua realidade de tráfego e infraestrutura.
Em São Paulo, onde a política foi pioneira, a restrição ocorre de segunda a sexta-feira, das 7h às 10h e das 17h às 20h, dentro do chamado Centro Expandido.
A lógica é simples: cada dia da semana corresponde a dois dígitos finais da placa — por exemplo, segunda-feira para 1 e 2, terça para 3 e 4, e assim por diante. A fiscalização é rigorosa, com radares e câmeras, e a multa para quem descumpre a regra é de R$130,16, além de quatro pontos na CNH.
Vamos detalhar um pouco mais adiante:
São Paulo (SP)
São Paulo mantém o rodízio diário com duração de 3 horas pela manhã (7h–10h) e mais 3 horas no fim do dia (17h–20h), de segunda a sexta, na chamada Zona de Restrição, delimitada pelo Mini-Anel Viário (Marginais, Bandeirantes, Salim Maluf etc.).
A proibição segue o padrão: segunda-1/2, terça-3/4, quarta-5/6, quinta-7/8 e sexta-9/0. Multa de R$ 195,23 (ou R$ 130,16 em fontes alternativas), além de 4–5 pontos na CNH.
Caminhões seguem regras específicas. Isenções (mediante cadastro): veículos elétricos, plug-in com autonomia ≥50 km, PCD, táxi só até 2023, veículos antigos (placa preta). Em feriados e datas especiais, a restrição pode ser suspensa.
Rio de Janeiro (RJ)
No Rio, o rodízio concentra-se em áreas como Centro e Zona Sul, sem um calendário rígido, ou seja, atua conforme decreto local. Em 2025, híbridos (plug-in ou não) seguem isentos até 2026; elétricos (ZEV), PCD e colecionadores também estão liberados.
Táxis com placas vermelhas têm isenção permanente. Penalidades se aplicam às infrações relativas ao rodízio, conforme CTB.

Belo Horizonte (MG)
Diferentemente de São Paulo, Belo Horizonte não aplica rodízio de veículos por placa. A medida chegou a ser discutida para reduzir congestionamentos no hipercentro, mas nunca foi implementada.
Em vez disso, a cidade aposta em políticas como ampliação do transporte coletivo, faixas exclusivas para ônibus e fiscalização do estacionamento rotativo.
Motoristas que circulam pela capital mineira não precisam se preocupar com restrições de dias ou horários, embora devam observar regras locais de trânsito e áreas de estacionamento regulamentada.
Brasília (DF)
Brasília não possui um rodízio permanente. A cidade já adotou restrições temporárias em áreas de grande circulação, como a Esplanada dos Ministérios, geralmente durante eventos ou períodos críticos de tráfego.
Essas medidas são pontuais e regulamentadas por portarias da SEMOB, publicadas no DF-Legis e SINJ-DF, mas não fazem parte de uma política contínua.
Quando aplicadas, seguem horários de pico e podem prever isenção para veículos elétricos e fotovoltaicos, mediante cadastro. As penalidades, quando há restrição, seguem o padrão do Código de Trânsito Brasileiro (multa e pontos na CNH).
Curitiba (PR)
Curitiba também não possui rodízio de veículos por placa, como ocorre em São Paulo ou Rio de Janeiro. No entanto, a cidade adota regras específicas para circulação de veículos pesados e operações de carga e descarga, especialmente na região central.
Essas restrições são definidas por decretos municipais e têm como objetivo reduzir congestionamentos e aumentar a segurança viária. Caminhões de grande porte, por exemplo, têm horários limitados para acessar áreas centrais, sendo obrigados a utilizar vias de contorno ou horários alternativos para abastecimento.
Além disso, há regulamentações para veículos de transporte coletivo, táxis e serviços de aplicativos, que devem seguir normas da SETRAN e da URBS.
Isenções, quando aplicadas em medidas temporárias, costumam contemplar veículos elétricos (ZEV), táxis e automóveis adaptados para pessoas com deficiência.
Porto Alegre (RS)
A gestão de tráfego em Porto Alegre se dá por Área Azul, estacionamento rotativo e Zona Verde. Há políticas de restrição de tráfego em períodos de calamidade (enchentes).
A proibição de carrinheiros (veículos humanitários) foi prorrogada até 2025. Em 2025, o estado implementou o programa “Vias + Seguras”, voltado à fiscalização e segurança viária. Promoção autoritativa de transporte seletivo (lotações) começou em 2025.
Uma pausa necessária para o bem comum
O rodízio de veículos é mais do que uma restrição: trata-se de uma política pública pensada para equilibrar mobilidade, segurança e qualidade de vida nas grandes cidades.
Ao limitar a circulação em horários críticos, essa medida contribui para reduzir congestionamentos, otimizar o uso da infraestrutura viária e mitigar impactos ambientais, como a emissão de poluentes.

Em um cenário de crescimento acelerado da frota, regras como essa são fundamentais para manter a ordem e garantir que o espaço urbano seja compartilhado de forma mais eficiente.
Para quem dirige, compreender e respeitar essas normas não é apenas uma questão de evitar multas, mas de colaborar com um sistema que busca o bem coletivo.
E, para entender melhor quem fiscaliza essas regras e qual é o papel do órgão responsável por organizar e garantir a segurança no trânsito, leia nosso artigo completo sobre o DETRAN: o que é, quais suas funções e por que ele é essencial para a mobilidade urbana.
