Combustível do Futuro: como funciona e quais mudanças traz para o Brasil?
A Lei do Combustível do Futuro redefine as bases da política energética nacional e amplia o uso de biocombustíveis no país.
A Lei do Combustível do Futuro (PL 528/2020) estabelece diretrizes para a ampliação do uso de combustíveis renováveis e de baixa emissão de carbono no Brasil.
Sancionada em 2024, a medida faz parte da estratégia nacional de transição energética e propõe metas para reduzir as emissões do setor de transportes, um dos principais responsáveis pelos gases de efeito estufa no país.

Entre as mudanças previstas estão o aumento gradual da mistura de etanol à gasolina e de biodiesel ao diesel, além da criação de programas voltados ao diesel verde, ao combustível sustentável de aviação (SAF) e ao biometano.
Segundo o governo federal, as ações previstas podem evitar a emissão de até 705 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO₂) até 2037, e fortalecer o papel do Brasil na produção de energia limpa e renovável.
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Como o programa impacta a matriz energética e o transporte no Brasil?
As medidas do Combustível do Futuro têm efeito direto na forma como o país produz, distribui e consome energia.
Ao ampliar o uso de etanol, biodiesel e outros biocombustíveis, o programa reduz a dependência de fontes fósseis e estimula o aproveitamento de matérias-primas nacionais, como cana-de-açúcar, soja e resíduos orgânicos.
No setor de transporte, as mudanças representam um avanço gradual rumo a uma frota mais limpa. A introdução do combustível sustentável de aviação (SAF) e o incentivo ao biometano abrem espaço para novas tecnologias e investimentos em infraestrutura.

Por outro lado, a padronização das misturas de etanol e biodiesel cria previsibilidade para o mercado e reforça o papel do Brasil na transição energética global.
Vale reforçar que a mistura de etanol à gasolina, antes limitada a 27,5%, passa a ter uma faixa variável entre 22% e 27%, e pode chegar a 35% após novas avaliações técnicas. Já o biodiesel adicionado ao diesel comercial sobe um ponto percentual por ano, alcançando 15% em 2025 e 20% em 2030.
A partir de 2027, as companhias aéreas deverão utilizar o SAF em voos domésticos, com o objetivo de reduzir 10% das emissões de gases de efeito estufa até 2037.
Quais são os pontos de atenção e desafios do Combustível do Futuro?
Embora o programa tenha metas claras e potencial para reduzir emissões, especialistas apontam desafios na implementação.
Um deles é a adaptação da infraestrutura logística e industrial necessária para ampliar a produção e o transporte de biocombustíveis, especialmente em regiões que ainda dependem fortemente do diesel fóssil.
Outro ponto de atenção é o custo de produção dos novos combustíveis que ainda possuem valores mais altos em comparação às alternativas convencionais. O equilíbrio entre incentivo econômico e viabilidade comercial será decisivo para que o programa avance de forma sustentável.
Também há discussões sobre padronização e certificação ambiental, essenciais para garantir que o ciclo produtivo seja, de fato, de baixo carbono. O mesmo vale para a necessidade de integração entre políticas públicas, o que envolve os setores de energia, transporte e meio ambiente.
O que muda e o que não muda na rotina dos brasileiros?
As metas do Combustível do Futuro representam um avanço importante, mas seus efeitos no dia a dia devem aparecer de forma gradual.
O aumento das misturas de etanol e biodiesel ainda depende de etapas técnicas, regulamentação e adaptação da indústria. Por isso, nos próximos anos, o impacto direto para motoristas e consumidores deve ser discreto.
O preço nos postos também pode variar conforme os custos de produção e transporte dos biocombustíveis. Caso essas etapas exijam novos investimentos, o valor final pode oscilar, mas há mecanismos previstos para evitar que o consumidor seja afetado.
Para quem dirige diariamente, as mudanças mais perceptíveis estarão na estrutura do setor energético. Com o tempo, a diversificação das fontes e o fortalecimento da produção nacional podem garantir mais estabilidade de preços e segurança no abastecimento.
É um processo que aponta para um futuro mais limpo e eficiente, ainda que as transformações aconteçam passo a passo.
Fonte das imagens: Gov.br | Agência Câmara
